BOCA DO CEU 22
Ano VII-Jan/fev/mar/2007
O DISCURSO DE COLLOR
O discurso do ex-presidente Fernando Collor de Mello, hoje Senador da República, foi marcado por muito choro. Vejamos: o “coitadinho” estava arrependido de ter confiscado as poupanças, de ter afrontado o Congresso Nacional, de ser arrogante, de ter sido um dos piores presidentes eleito democraticamente, etc. Pronto. Já foi perdoado. Seus colegas de parlamento teceram fartos elogios ao novo homem público que surge depois de um período metamorfoseando.
Esse “perdão,” gostaria de lembrar, foi dado pelo povo alagoano, e por grande maioria do parlamento (Congresso Nacional), mas o povo brasileiro em sua grande maioria, não esqueceu e jamais esquecerão um dos períodos mais truculentos da nossa história. Alias para o primeiro presidente eleito por voto direto, depois de vinte anos de ditadura militar, fazer o que ele fez, não vai ser um chorinho que conseguirá redimi-lo.
Felizmente ainda temos no parlamento alguns poucos cidadãos com vergonha na cara, a exemplo do Senador Pedro Simon, o único que fez o ex-presidente Fernando Collor de Mello relembrar os atos de corrupção ocorridos no seu governo que o levaram a ser expulso do Palácio do Planalto. Pelo menos um, no meio de tantos “combativos parlamentares,” teve coragem.
PS. Nem tudo está perdido.
Rui Oliveira Machado
* A FORMOSA QUE FOI E A QUE É.
Seu moço vá na Formosa
Que é pra tu se alembrá
Onde a gente dava prosa
Ali nos pé de Juá
Bem pertinho da casinha
Você se alembra que tinha
No terreiro de Naninha
Muito caroço de ingá?
Você subia um tiquim
Tinha mata de angelim
Fazendo sombra no poço
Pois se tu for lá seu moço
Nada mais tu tem que vê
É duro de recordar
Teu coração vai doer
Tu é capaz de chorar.
Cortaro toda a madeira
Rancaro os pé de ingasera
Derrubaro os jatobá
Desbarataro a pedreira
Nem os pé de gameleira
De perto da cachoeira
Que da sombra a vida inteira
Não deixaro sem cortar.
Tu lembra daquele poço
Que a gente tomava banho?
Água dava no pescoço
Traíra desse tamanho
O riacho já morreu
Pra tu que já conheceu
E ama lá como eu
Acho tudo muito estranho.
Tu conhece e eu conheço
Tudo ali na região
Vou morrer e não esqueço
Parece que não mereço
Ver o fim desse regresso
É o avesso do progresso
Meu amigo eu te confesso
Acabou-se o buqueirão.
Não tem mais a muierada
Que à fonte dava a vida
Tanta gente divertida
Percorria aquela estrada
Todo dia à madrugada
Cumeçava o movimento
Só era contentamento
Deste povo camarada.
Se ia pur dento do brejo
Até no poço do Serjo
Tu lembra que também tinha
O poço da camarinha
Frio igual a picolé?
A gente se lembra e sente
Aquele cheiro incelente
Dos perfume das muié.
O nosso povo e católico
Mas um ato diabólico
Já viro realizá
Os mandantes desta terra
Vendero e cercaro a serra
Pesou a mão poderosa
E os donos da Formosa
Tivero que retira.
- do Livro : Versos de um caboclo, de Jeová Caboclo.
NASCE UMA ESTRELA , MORRE A ESQUERDA!
Era final da década de 70 e ainda acreditávamos que, apesar da ditadura, a resistência seria a construção de um novo modelo de democracia brasileira ; começávamos a organizar e discutir partidos e engajarmo-nos (para usar bem o termo da época), naqueles que ideologicamente pensava a sociedade que pretendíamos.
Assim nasceu o Partido dos Trabalhadores/ PT- diferenciado dos demais por ampliar o conceito de Trabalho X Trabalhismo.
Usando como insígnia a estrela, brilhou toda a década de 80 e 90 com a disposição e determinação de seus militantes na missão de divulgar o programa, discutir as propostas mobilizar pessoas, instituições, estudantes apoiar movimentos originados nas diversas categorias sociais, urbanas e rurais. . Configurava-se enfim uma nova tendência para a esquerda brasileira ou............. seria velha?
Conseguimos, quase vinte anos depois da primeira disputa presidencial nas urnas, e mais duas derrotas , a vitória !!!!!!!!!
Em 2002 a esperança venceu o medo, PT na presidência do Brasil!
Dava-se início à grande arrancada, pelo menos assim esperávamos, para as mudanças e reformas do país sem recorrer ao populismo, a estima brasileira, principalmente daqueles que propunham ações voltadas para redução das desigualdades sociais estava em alta; vislumbrava-se o fim das jogadas corruptivas dos politicos desonestos, dos acordos de gabinete das compras de votos.
È claro que em quatro anos é impossível realizar as demandas preconizadas na campanha; mas também em quatro anos, praticar atos que desconstroem o que seria a marca do partido! Escândalos semelhantes aos mandatos anteriores, com protagonistas, antes combativos ferrenhos, hoje promotores e beneficiários! Entramos no segundo mandato e já não vislumbramos mais atitudes que marquem o diferencial de um partido que se pretendia configurar como a esquerda brasileira contemporânea, com a maioria de seus filiados “históricos” fora, e comprometidos com outras alternativas que surgem. Yara de Senna Amado, socióloga e trabalhadora do IPHAN
JÁ TEMOS BLOG - mocobeu.blogspot visite-nos
BOCA DO CEU 23
Ano VII-abr/mai/jun/2007
O QUE É SER POLITIZADO*
Ser politizado é entender como funcionam as relações de poder em cada sociedade e no mundo em geral. É compreender que, por trás das relações de troca no mercado existem relações de exploração. Que, por trás das relações de voto, existem relações de dominação. Que por trás das relações de informação, há um processo de alienação. Ser politizado, no mundo de hoje, significa compreendê-lo no marco das relações capitalistas de acumulação e exploração, representa entender o mundo no marco da hegemonia imperial estadunidense, baseada na força militar e na propaganda do modo de vida estadunidense. Ser politizado é compreender que tudo que existe foi produzido historicamente, pelas relações entre os homens e o meio em que vivem. Ou melhor, entre os homens, intermediados pelo meio em que vivem. E que, portanto, tudo que foi construído pelos os homens pode ser desconstruído e reconstruído. Que tudo é histórico. Que a própria separação entre sujeito e objeto – que nos aparece como “dada” – é produzida e reproduzida cotidianamente mediante relações econômico-sociais alienadas. Ser politizado é saber subordinar as contradições menores às estratégicas, saber que as contradições com o capitalismo são sempre também contra o imperialismo, pela fase histórica atual do capitalismo.
O QUE É SER DESPOLITIZADO.
Já ser despolitizado é achar que as coisas são como são porque são como são, sempre foram assim e sempre serão. É considerar que as pessoas sempre buscam tirar vantagens que não têm grandeza para lutar desinteressadamente por um mundo melhor. Que o que diferencia as pessoas e a ambição de melhorar de vida, que a grande maioria não tem jeito mesmo. Entre o ser politizado e o despolitizado esta alienação, a falta de consciência da relação entre nós e o mundo. Alienar é entregar o que é nosso para outro -como diz a definição jurídica em relação a bens. Ser alienado é não perceber a presença do sujeito no objeto e vice-versa, sua vinculação indissolúvel. A luta pela emancipação humana é uma luta contra toda forma de exploração, de dominação, de discriminação, mas, antes de tudo e sobretudo, uma luta contra alienação – condição de todas as outras lutas.
EMIR SADER.**
*Extraído da revista Caros amigos
** Cientista político.
QUESTÃO DE PRINCÍPIOS.
Mais um “Club” particular em Uibaí, agora no povoado da Boca D’água. Nada contra alguém construir um espaço privado de lazer, desde que essa pessoa não seja o representante do Executivo Municipal, e o município ser um dos mais carentes de espaços públicos para o lazer coletivo, com apenas o Club Canabrava e a Voz do Povo que, mesmo sendo usado pela grande maioria dos Cidadãos de Uibaí, não são totalmente públicos, foram construídos respectivamente com a contribuição dos sócios e por iniciativa individual. A cidade, tão carente de espaços públicos de lazer, deveria ter em seus representantes a preocupação com quem lhes outorgou o poder de decisão, ao invés de construir mansões tipo Club privados a exemplo do citado acima. Deveriam seguir o exemplo de um também filho de Uibaí que está investindo em projetos educativos com a finalidade de formar cidadãos, sem esboçar, pelo menos até o momento, a vontade de se auto-promover politicamente. É o espírito coletivo que infelizmente em muitos demora a aflorar, acredito que por falta de prática. Fomos criados para viver em sociedade, o senso coletivo e nato do Ser, porém, deve ser exercitado a todo o momento. Em uma sociedade capitalista onde o incentivo ao individualismo é uma de suas grandes bandeiras, devemos estar vigilantes e nos indignarmos com essa prática tão em voga no nosso Município. O papel de um Prefeito é administrar o município direcionando suas ações para as necessidades de sua população. Se todo prefeito que for eleito investir em projetos pessoais, e o pior com dinheiro público, como vem acontecendo há algum tempo, a cidade vai acabar “privatizada”.
a Direita é aquém, a Esquerda é além
O terreno da política sofreu alterações significativas nos últimos 500 anos; momento em que a política perde a sacralidade das intervenções divinas e ganha a terrenalidade das relações humanas. A partir de Maquiavel a política passa a ser entendida eminentemente como atividade humana.
Há, aproximados, 200 anos, no período da Revolução Francesa, ocorrem novas significativas alterações no terreno da política. As movimentações na vida e no quotidiano das pessoas acabam por processar a entrada de algumas categorias importantes na política, tais como: direita e esquerda.
O conceito/categoria de DIREITA foi criado no bojo da Revolução Francesa para indicar o grupo político ou os grupos políticos que nas assembléias e reuniões francesas, tinham posições conservadoras e reacionárias, no sentido de defender e de realizar alianças com o clero e a aristocracia; concretizando de forma cristalina os interesses das elites nacionais. A chamada DIREITA estava preocupada em consolidar os seus interesses tão só e para tanto defendeu e fez conchavos que não radicalizassem o processo revolucionário; surgia um novo-velho país para novas e velhas elites, mas não para o povo.
O conceito/categoria de ESQUERDA, também criado no transcorrer da Revolução Francesa, indicava o grupo político ou os grupos políticos que no processo revolucionário francês lutavam para realizar a igualdade e pelo fim das injustiças, onde os camponeses pudessem ter acesso a terras e os trabalhadores urbanos pudessem ter uma vida digna; defendiam a democracia direta, o controle externo do governo, a revogabilidade dos mandatos, o direito do povo de julgar seus inimigos, controle da economia e a abolição dos direitos feudais. A isto veio somar-se, para uma melhor definição de ESQUERDA, todo o legado de luta em defesa da justiça, da liberdade, da igualdade e da fraternidade de todos os povos e de todos os tempos que pode nos remeter tanto à luta pelo socialismo quanto aos bravos sertanejos de Canudos. É a utopia de um projeto político justo e humano.
Por fim, uma pergunta tempestuosa e intempestiva. E assim se caracteriza por exigir que seja considerada a existência ou a inexistência de um projeto político de justiça e emancipação. Eis a pergunta. Existe esquerda em Uibaí?
Nêgo Fugido
Heterônimo de Savigny Machado
BOCAQ DO CEU 24
Ano VII-Jul/Ag/Set/2007
DEFENDENDO O VOTO
Sempre acreditei que o direito ao voto é uma das mais importantes e democráticas armas que temos para iniciar uma mudança. Ainda continuo acreditando, por isso venho nesse texto defender o voto: o voto nulo. Vejamos: Nunca votei nulo, desde quando comecei a votar no início da década de 80. Sempre defendi o voto e a filiação partidária, independente da legenda, pois acreditava que a militância partidária faz a pessoa crescer. Continuo acreditando, mas, no entanto, penso que nesse momento faz-se necessário uma discussão sobre a representação política que queremos. Acredito que não é esta que aí está. Dentro dessa discussão está a questão do Voto. O voto nulo seria uma das armas utilizadas para abrir esse debate.
Não vejo no cenário político novas perspectivas. Os partidos são legendas de aluguel. Não temos novas lideranças. O sistema político brasileiro está viciado. Elegem-se os mesmos. Não há uma renovação nas lideranças dos movimentos sociais, implicando, assim na continuidade dos grupos hegemônicos que estão ditando as regras. A “oposição”, em sua grande maioria faz parte desses grupos, e estão simplesmente encenando. Se conseguirmos um percentual de votos nulos considerável, nas próximas eleições municipais para Prefeito e Vereadores, e ampliarmos esse percentual na próxima para Presidente, governadores, Senadores e Deputados o cenário poderá mudar.
O Parlamento Brasileiro, nos três níveis: Federal, Estadual e Municipal, está corrompido em toda sua estrutura.
Os nossos “representantes" sem exceção, se não são literalmente corruptos, são coniventes e se beneficiam com o que está ai. Exemplo: porque os parlamentares eleitos pelo Partido dos Trabalhadores, em sua esmagadora maioria, não saíram do partido quando veio a público as denuncias de corrupção? Simplesmente por medo de não se reelegerem indo para um partido menor ou um novo partido! Porque não saíram do PT, quando o Partido abandonou suas principais bandeiras de luta, pensando exclusivamente na chegada ao poder a qualquer custo? Pelo mesmo motivo acima citado.
A maioria dos parlamentares oriundos de partidos outrora progressistas estão em seu segundo ou terceiro mandato, esqueceram seus referenciais políticos, só voltam aos seus colégios eleitorais no momento de uma nova eleição, o prejuízo com isso é revertido novamente para o cidadão, que em muitos casos perdem excelentes educadores, administradores, funcionários públicos, médicos, engenheiros, etc., que se tornaram políticos de carreira, pois mandato político em nosso país é profissão. Profissão que dá poder. “E o poder tem seus encantos”. O bom profissional foi corrompido pelo poder, pelas mordomias, mesmo não se envolvendo diretamente em falcatruas faz vista grossa e vota com a maioria para não se queimar em uma futura convenção do Partido. Afinal “é dando que se recebe”.
A discussão sobre representação política no Parlamento, faz-se necessário, e você, caro eleitor, pode contribuir defendendo essa bandeira. VOTE NULO.
Rui Oliveira Machado.
ESQUERDA, (EN)VOLVER!
O conceito/categoria de ESQUERDA nasce identificando a luta por justiça e emancipação; homens e mulheres de todos os tempos levantaram-se contra as opressões e sonharam os sonhos mais lindos.
Os caminhos da ESQUERDA merecem alguma atenção. Aí se encontram desde os socialistas até os espartaquistas que lutaram contra o poder de Roma, não esquecendo os anarquistas e mesmo os revoltosos de Canudos. Todos no campo da ESQUERDA, da ESQUERDA revolucionária.
A ESQUERDA se forma enquanto esquerda na medida em que luta (e luta sempre) para a revolução dos iguais e justos. A ESQUERDA só se justifica na medida em que é sempre combatente e libertadora, e luta e luta sempre, sem fazer conchavos e concessões aos poderosos.
Quem faz acordos e brada ser de esquerda, na realidade, mia. O miado é o sintoma da negociata, como aconteceu com o Partido Social Democrata Alemão que ao defender posições cada vez mais reformistas em seu interior, deixava de bradar e miava. Este é o momento decisivo em que o grito de rebelião é vendido e que não estamos mais diante de uma esquerda revolucionária. Este é o momento da iniciação e podemos falar de uma DIREITA iniciada; iniciada nos ritos da opressão e de toda uma sorte de safadezas.
Sintam-se advertidos: é só o momento da iniciação, pois há ainda uma íngreme descida até o sétimo círculo do inferno. Também foi assim com o PSDA que, primeiro, transformou-se em DIREITA iniciada, mas ainda restavam algumas descidas até chegar ao sétimo círculo em que definitivamente estaria convertida ao credo da DIREITA, já aí uma DIREITA despudorada. Ao defender a entrada da Alemanha na primeira guerra mundial em troca de alguns marcos e de alguns cargos no parlamento, abraçava o inferno como um cristão abraça Maria e renegava os milhões de homens e mulheres que seriam mortos na carnificina da guerra como se faz a um Judas; já absolutamente absorta e convertida, já uma DIREITA despudorada.
Trabalhadores e trabalhadoras, esta DIREITA iniciada tanto quanto a DIREITA despudorada não merece piedade. E não a subestime, pois, a aparente ausência de capacidade de análise pode indicar precisamente a capacidade de bem analisar – repare que os horizontes são distintos e que no mundo do capital o calvário de “quase-todos” traz o paraíso dos que se comprazem na imundice.
Combatê-la agora e combatê-la sempre - eis a tarefa da ESQUERDA rebelde e revolucionária. Em palavras gritadas por aí, Gramsci apontava que a realidade é por demais criativa, então, valorizemos o quotidiano e não nos prendamos à hora marcada da revolução. Não temos nada a perder, pois, nos dizeres de Marx, o capitalismo só pode nos deixar de herança “o dilúvio”.
Por fim, duas perguntas intempestivas que assim se caracterizam por exigir que seja considerada a existência ou a inexistência de um projeto político de justiça e emancipação. Eis as perguntas. Existe esquerda em Uibaí? Ou será que o que existe é uma direita despudorada (campo clássico da direita e que está no poder) e uma direita iniciada (que está no campo de oposição à direita despudorada – a briga pelo poder tem dessas coisas)?
Nêgo Fugido
Canabrava dos Palmares, 27 de setembro de 2007.
BOCA DO CEU 25
Ano VII - Out/Nov/Dez/2007
DEFENDENDO O VOTO II
Nas últimas eleições Municipais de Uibaí, tivemos 68 votos em brancos e 408 votos nulos. Esse percentual de votos brancos e nulos chega a aproximadamente 6% do eleitorado do município. Com certeza esses eleitores hoje estão tão ou mais indignados quanto estavam no dia em que optaram por esse comportamento diante da urna. Nesse mesmo dia estava como esses eleitores, votando....... não em branco nem nulo, mas sim para prefeito e vereador. Após esses quase três anos de “trabalho” de nossos representantes, no município, no estado e no âmbito federal, estou certo que o voto nulo ou branco é uma primeira resposta que, no momento, podemos dar. Uma resposta a esses nossos “representantes”. Começar a mostrar aos mesmos que não se pode subestimar o povo, que o povo, de tanto apanhar chega ao limite. O Governo Federal, na pessoa do Presidente da República, tem a simpatia da maioria do nosso povo, principalmente da classe mais necessitada, devido aos programas sociais em curso, programas esses de caráter assistencialistas, que não estão obrigados a continuar, com o fim desse mandato. A nível municipal, as eleições estão colocadas. Próximo ano. E é nesse momento, tendo em vista o trabalho desenvolvido pelos nossos “representantes” na Prefeitura e na Câmara Municipal, que estamos propondo O VOTO NULO ou EM BRANCO como forma de protesto, acreditando que a indignação dos eleitores tenha aumentado. O objetivo é aumentar o número de votos nulos, ao ponto desse percentual ser maior que os de votos válidos. (Tarefa difícil e polemica, ou seja, usar de uma arma que sempre condenamos (VOTO NULO), para construir novos caminhos), isso, por falta de cidadãos sérios que queiram assumir um mandato eletivo. Assim, vai uma indagação para todos os eleitores do Município de Uibaí, para refletir e ajudar na definição de seu voto até as eleições: Pelo que fizeram e estão fazendo em prol do Povo e do Município de Uibaí, você repetiria seu voto no PREFEITO ou nos VEREADORES DE NOSSO MUNICÍPIO, sabendo que a maioria dos Vereadores, aí colocados, já está com mais de um mandato eletivo?
Gostaria de lembrar, também, que atualmente o salário de um Vereador de Uibaí é de aproximadamente R$ 2.000,00 multiplicados por quatro anos de mandato, incluindo aí o décimo terceiro salário, teremos 52 meses o que equivale a R$ 104.000,00 (Cento e quatro mil Reais), para desenvolver todo esse trabalho que vocês estão presenciando.
Se a resposta for sim, tudo bem. Mas se a resposta for não, vista essa camisa e defenda o VOTO NULO OU EM BRANCO, tanto faz. A proposta e abrir uma discussão em relação ao modelo de representação política e de representantes que queremos.
Rui Oiveira Machado
A DISILUSÃO COM A POLÍTICA
Quatro razões dificultam o recrutamento de quadros qualificados para a política. O primeiro e principal é o custo de imagem. O segundo é a desconfiança e o risco de futuros processos. O terceiro é o fato inconteste de que o governo paga mal. O quarto é que a imprensa só destaca os aspectos negativos.
Os custos de imagem e o medo de traumas por acusações infundadas afastam dos partidos e, principalmente, da administração pública quadros da academia, executivos do setor privado, empresários e sindicalistas, enfim, gente preparada e bem-intencionada que poderia contribuir para o aperfeiçoamento das políticas públicas.
O rigor de controle interno, que assusta os ordenadores de despesas, combinado com a desconfiança generalizada em relação aos agentes públicos, que leva à invasão da vida privada, inclusive com a quebra de sigilos, é outro fator de desestímulo às pessoas que estão confortáveis em seus empregos ou empresas a deixá-los para ingressar na vida pública.
A remuneração no serviço público, especialmente para os cargos de alto escalão, é muito baixa comparativamente com os salários pagos no setor privado. A diária de um alto funcionário do governo não permite que ele se hospede e se alimente decentemente. Em tais condições, o exercício da função pública é um convite à corrupção.
A imprensa, que faz um trabalho fundamental para a democracia ao denunciar desvio de conduta e corrupção, não resiste à tentação sensacionalista e, em diversas situações, no afã de dar furos, tem execrado a reputação de pessoas decentes que se colocaram a serviço da administração pública. Ninguém recebe elogios pelos acertos, mais invariavelmente ganha manchetes quando desconfiam que errou. É preciso distinguir entre os desonestos e as pessoas decentes, sob pena de criar um sentimento generalizado de que todos que vão ocupar cargos no serviço público são corruptos e desonestos.
Quando se analisam os nomes dos que se apresentaram para concorrer aos 1627 cargos em disputa em 2006 (1 de presidente, 27 governadores, 27 senadores, 513 deputados federais e 1059 deputados estaduais) fica evidente que a esmagadora maioria é de gente que já estava na vida pública, resultando numa mera circulação no poder, sem renovação real. O próximo presidente, assim como os governadores neste pleito, muito provavelmente terão enorme dificuldade em atrair bons quadros, salvo se houver mudança dessa cultura de que tudo que é público/estatal e ruim.
Antônio Augusto Queiros, diretor de Documentação do DIAP*
*Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.
Que Fazer?
Ferreira Gullar
Você que mora no alheio,
que anda de lotação,
que trabalha o dia inteiro
pra enriquecer o patrão
-que ainda espera desse
mundo de injustiça e exploração?
que anda de lotação,
que trabalha o dia inteiro
pra enriquecer o patrão
-que ainda espera desse
mundo de injustiça e exploração?
Você que paga aluguel,
que pagará toda a vida
a casa que não é sua,
que pode a qualquer
momento ser posto no olho da rua-que pode esperar da vida
que deveria ser sua?
Que pode esperar da vida
quem a compra à prestação?
Quem não tem outra saída:
-ser escravo ou ser ladrão?
Que pode esperar da vida
que a recebe vendida
por seu pai ao seu patrão?
quem a compra à prestação?
Quem não tem outra saída:
-ser escravo ou ser ladrão?
Que pode esperar da vida
que a recebe vendida
por seu pai ao seu patrão?
Pro patrão você trabalha
dia e noite sem parar.
Você queima a sua vida
pra ele a vida gozar.
Você gasta a sua vida
pra dele se prolongar.
Você dá duro, padece,
você se esgota, adoece,
e quando, enfim, envelhece
o que é ruim vai piorar.
dia e noite sem parar.
Você queima a sua vida
pra ele a vida gozar.
Você gasta a sua vida
pra dele se prolongar.
Você dá duro, padece,
você se esgota, adoece,
e quando, enfim, envelhece
o que é ruim vai piorar.
Só então você percebe
que tempo você perdeu.
Você vê que sua vida
foi dura mas não valeu.
Você passou a seu filho
o mundo que recebeu:
O mundo injusto e sem
brilho que, de fato, nem foi seu,
que não será do seu filho
se nele não se acendeu
o sentimento profundo
que traz o homem pra luta
-luta que fará o mundo
ser dele, ser meu, ser teu.
que tempo você perdeu.
Você vê que sua vida
foi dura mas não valeu.
Você passou a seu filho
o mundo que recebeu:
O mundo injusto e sem
brilho que, de fato, nem foi seu,
que não será do seu filho
se nele não se acendeu
o sentimento profundo
que traz o homem pra luta
-luta que fará o mundo
ser dele, ser meu, ser teu.
Por isso meu companheiro,
que trabalha o dia inteiro
pra enriquecer o patrão,
Te aponto um novo caminho
para tua salvação,a salvação de teu filho e o filho do teu irmão:
Te aponto o caminho novo
da nossa revolução.
que trabalha o dia inteiro
pra enriquecer o patrão,
Te aponto um novo caminho
para tua salvação,a salvação de teu filho e o filho do teu irmão:
Te aponto o caminho novo
da nossa revolução.
Então verás que tua vida
ganha nova dimensão,
que em vez de triste e
perdida terá força e direção.
E cada homem da rua
Verás como teu irmão
que, sabendo ou não
sabendo, procura a libertação.
ganha nova dimensão,
que em vez de triste e
perdida terá força e direção.
E cada homem da rua
Verás como teu irmão
que, sabendo ou não
sabendo, procura a libertação.
Sentirás que o mar que bate
na praia não bate em vão;
Que a flor que cresce no
Meyer não cresce no Meyer em
vão;
Que o passarinho que
canta não canta pra teu patrão;
Que a grama verde que
cresce empurra a revolução.
na praia não bate em vão;
Que a flor que cresce no
Meyer não cresce no Meyer em
vão;
Que o passarinho que
canta não canta pra teu patrão;
Que a grama verde que
cresce empurra a revolução.
O mundo ganhou sentido,
teu braço ganhou função.
A revolução floresce
na minha, na tua mão,
que nada há mais que a
detenha
-nem polícia nem bloqueio
nem bomba nem
"Lacerdão"-
que ela assobia no vento
e marcha na multidão,
ilumina o firmamento,
gira na constelação porque já foi deflagrada no meu, no teu coração..
teu braço ganhou função.
A revolução floresce
na minha, na tua mão,
que nada há mais que a
detenha
-nem polícia nem bloqueio
nem bomba nem
"Lacerdão"-
que ela assobia no vento
e marcha na multidão,
ilumina o firmamento,
gira na constelação porque já foi deflagrada no meu, no teu coração..