BOCA DO CEU 30
Ano IX/Jan/Fev/Mar/2009
Ano IX/Jan/Fev/Mar/2009
SOCIALISMO
O que houve com os ideais socialistas de uma geração de trabalhadores nascidos no final dos anos 50 e início dos anos 60 em nosso país? Período de grande militância, quando da “abertura política” após a queda do regime Militar; essa geração que na época estava por volta dos vinte anos de idade, encantada com as grandes lideranças que reapareciam do exílio para junto com muitos outros intelectuais falar de uma sociedade mais justa sem exploradores nem explorados, onde o homem podia viver dignamente sem a ameaça da usura e do lucro imposto através da exploração dos mais “fracos”. A criação do Partido dos Trabalhadores, (PT) da Central Única dos Trabalhadores, (CUT), dentre outros instrumentos, que dariam sustentação na organização da luta por uma sociedade mais igualitária estava em plena ascensão. O país borbulhava. O movimento sindical tomava corpo e os trabalhadores se organizavam: passeatas, comícios, manifestações sociais em diversos setores, etc., era o caminho para chegar ao poder pelas mãos do povo e iniciar a socialização do país.
Após anos de muitas lutas chegou-se ao poder. Um governo formado em sua grande maioria por cidadãos que eram nossas referências enquanto defensores do socialismo. A nata da esquerda organizada, cidadãos criados e trabalhados dentro de uma ideologia socialista com experiência acumulada na estruturação e organização dos mais importantes movimentos sociais reivindicatórios de nossa história e que jamais passaria por suas cabeças o poder pelo poder.
Trinta anos já se passaram de “abertura política”. O país diferencia-se a cada governo que assume e envereda por um caminho nunca sonhado por essa geração de militantes “socialistas”: o primeiro governo civil após o regime militar o Sr. José Sarney, foi criado dentro do próprio regime; Collor/Itamar, foi o fracasso assistido por todos; o país governado por FHC, em seu primeiro mandato, foi diferente dos anteriores em sua “administração”, como também foi diferente do seu segundo mandato. o país governado por Lula em seu primeiro mandato foi diferente dos anteriores em sua “administração”, e seu segundo mandato também está sendo diferente do primeiro. Todos esses governos avançaram em relação aos governos militares, todos fizeram investimentos nas áreas sociais, o mínimo que lhes garantissem fazer seu sucessor ou mesmo reeleger-se. São táticas camaleônicas, mudanças superficiais aplicadas em determinados momentos com um fim pré-estabelecido. Todos esses governos, e os próximos que vierem dentro desse modelo capitalista, terão algumas diferenças na forma de “administrar” o país, mas as intenções e os projetos são todos de caráter restrito beneficiando sempre uma minoria que comanda esse país há centenas de anos. Essa avaliação pode ser feita, também, em nível internacional. Os problemas enfrentados nos países subdesenvolvidos são os mesmos em qualquer continente. Na América Latina, onde estamos inseridos, a violência urbana é latente, a corrupção envolvendo o patrimônio público é uma constante, a exclusão social não se diferencia, e a política adotada é a mesma: os lucros são abocanhados por uma minoria privilegiada e os prejuízos socializados com a classe trabalhadora, ou seja, a maioria marginalizada. Capitalismo e isso. Pequenas ilhas de prazeres, cercadas por bolsões de miséria. Felizmente tudo tem limite: esses bolsões começam a ficar inquietos. Os índices de criminalidade aumentam a cada dia. A violência não escolhe classe social: é o desespero tomando conta do povo oprimido. O Brasil está em guerra civil constante nessas últimas décadas e o povo, não demora a descobrir com quem e contra quem deve lutar na construção de uma sociedade mais justa. Sempre foi assim. As grandes revoluções com mudanças estruturais profundas só se viabilizaram, infelizmente, com a luta armada. Mudanças estruturais pacíficas, não existem, sistema capitalista moderno, avançado, etc., muito menos. Capitalismo é explorador e explorado em qualquer lugar do mundo.
Mas, e os ideais socialistas tão defendidos por essa geração? Segundo alguns “companheiros” esse negócio de ideologia não cabe mais. Acreditam que existem várias formas de Capitalismo e que o Brasil tem tudo para implementar um dos mais avançados modelos, inclusive com inclusão social. Defendem os programas sociais existentes: bolsa família, bolsa escola, cotas, etc., como sendo a solução mais viável para a concretização de uma sociedade mais justa. É, realmente, o “poder tem seus encantos”, conseguiu aniquilar de vez toda uma geração de cidadãos empenhados de corpo e alma na construção de um pais socialista, apenas com alguns poucos anos no “poder”, poder esse dividido humildemente com seus algozes de um passado recente.
ARRUMANDO A CASA
Passaram-se três meses de uma nova administração em nosso município. Sei que ainda é muito pouco tempo para se fazer uma avaliação, mas acredito que devemos acompanhar de perto essa administração que veio com uma proposta significativa de mudança no trato com o dinheiro público, como também ações voltadas para as questões de cunho social mais urgente. Penso que está faltando nesse final de trimestre uma apresentação por parte da prefeitura da situação em que as diversas secretarias existentes na administração passada foram encontradas: saúde, educação, cultura/esporte, finanças, planejamento, etc., o cidadão precisa saber e é também uma forma da atual administração ter uma radiografia do momento em que assumiram. Segundo fontes não oficiais as Secretarias de Saúde, Educação, Finanças, Administração, etc., estavam completamente sucateadas.
Hoje algumas secretarias como a de Educação, de Saúde, de Finanças, secretarias que a população está mais atenta, por estarem mais diretamente em contato, já apresentam alguns resultados: levantamentos foram feitos na Secretaria de Educação no que diz respeito aos imóveis utilizados como escolas nos diversos povoados. Infelizmente em sua grade maioria estão abandonadas e sucateadas, inviabilizando o início das atividades escolares em algumas, por necessitarem de reforma geral. O Hospital Municipal foi encontrado entregue às moscas, hoje pode ser utilizado pela população local, com a presença de um bom quadro de recursos humanos. Os Postos de Atendimento já foram, em grande parte, reativados; a Secretaria de Finanças vem executando um levantamento criterioso, detectando as diversas irregularidades encontradas na utilização do dinheiro público, para as devidas providências. A limpeza e coleta de lixo estão sendo realizadas diariamente na cidade e nos povoados.
Tudo isso que está acontecendo em nosso município é obrigação do poder público. Ainda é muito pouco, mas já é um começa. A cobrança se faz necessária, a todo o momento. Devemos sim, reconhecer as dificuldades encontradas, mas nosso município tem todas as credenciais para ser uma referência de administração nessa região. Temos, acredito que pela primeira vez á frente de nosso município, em sua esmagadora maioria, cidadãos sérios e com disposição de contribuir para a melhoria de nossa cidade.
Mas não devemos abrir a guarda. Sabemos que uma laranja podre no meio de uma carrada pode levar a carga ao lixo. Assim, se em algum momento os interesses coletivos forem deixados em prol dos individuais, devemos estar prontos para denunciar e cobrar. Como diz o ditado: “o mesmo pau que dá em Chico, dá em Francisco”.
Rui Oliveira Machado.
UM “PAC” COM DILMA
Cordel de Miguelzinho de Princesa, direto do Cariri.
I-
Quando vi Dilma Roussef
Sair na televisão
Com o rosto renovado
Após uma operação
Senti que o poder transforma:
Avestruz vira pavão.
II-
Repente ela virou
Namorada do Brasil:
Os políticos, quando a vêem
Começam a soltar psiu
Pensando em 2010
E em bilhões que ela pariu.
III-
A mulher que era emburrada
Anda agora sorridente
Acenando para o povo
Alegre mostrando o dente
E os baba-ovos gritando:
È Dilma pra presidente!
IV-
Mas eu sei o que o olho grande
Está mesmo e nos bilhões
Que Lula botou no PAC
Pensando nas eleições
E mandou Dilma gastar
Sobretudo nos grotões.
V-
Senadores garanhões
Sedutores de donzelas
E deputados gulosos
Caçadores de gazelas
Enjoaram das modelos
Só querem casar com ela.
VI-
Também quero uma lasquinha,
Um pedaço de poder,
Quero olhar nos olhos dela
E, ternamente, dizer
Que mais bonita que ela
Mulher nenhuma há de ser.
VII-
Eu vi um deputado
Dizendo no Cariri
Que Dilma e linda e charmosa,
Igual não existe aqui,
E é capaz de ser mais bela
Que a Angelina Jolie.
VIII-
Diz que pisa devagar,
Que tem jeito angelical
Nunca gritou com ninguém
Nem fez assédio moral,
Nem correu atrás de gente
Com um pedaço de pau.
IX-
Dilma superpoderosa:
8 bilhões pra gastar
Do jeito que ela quiser
Da forma que ela mandar!
(Sem contar com o milhão
Do cofre do Adhemar).
X-
Estou com ela e não abro:
Viro abridor de cancela
Topo matar jararaca
Apago fogo em goela
Para no ano vindouro
Fazer um PAC com ela.
BABA NA ACCU
Os velhos contra os novos
Os novos contra os velhos
Com essa idade toda
Pode dar um revertério.
Os mais novos empolgados
Querendo mostrar potência
Os mais velhos lembram logo
Da sua eterna impotência.
Com um sol de meio dia
E com o céu toda azul
A boca e os beiços secos
Feito couro de cubú
Os mais velhos vão pedindo
Ao juiz atrapalhado
O fim dessa grande festa
Ocorrida no sertão
Com medo de mais tarde
Ter que importar caixão.
Quando o juiz apitou
Foi um alívio total
Mas para a tristeza de todos
Não tem água mineral
Água só na Formosa
Uma légua de distância
O jeito é tomar cerveja
E aumentar mais a pança
Pois não sei pra quê velho
Jogar bola com criança.
BOCA DO CEU 31
Ano IX/Abr/Mai/Jun/2009
NOSSOS PRESIDENTES.
Estamos diante de mais um espetáculo promovido pelo Congresso Nacional por parte de nosso ilustre Senador Mor, juntamente com nosso também ilustre Presidente. A maior autoridade no Senado, o senador José Sarney, juntamente com a maior autoridade do país, Lula, é que nos proporciona esse espetáculo. O atual presidente do Senado Federal tem uma longa historia política, sempre pautada pela corrupção. É um dos últimos “Coronéis”, que ainda conserva seu poder à moda antiga. Mandou e manda no Maranhão desde que assumiu a vida pública, e o que temos nesse estado: um dos mais pobres do país, um dos maiores índices de analfabetismo, um dos piores em saneamento básico, em saúde, segurança, etc., etc., mas esse senhor consegue manter-se no poder sempre através de falcatruas, a exemplo de mudança de domicílio eleitoral, já que é eleito pelo Amapá. Agora em fim de carreira política, (espero) se vê envolvido em diversos escândalos: nepotismo, fisiologismo, desvio de dinheiro público, mentiras, quebra de decoro, etc., crimes que praticou durante toda a sua vida, e que agora veio a público por conta de “intrigas” políticas e ações de instituições de fiscalização (imprensa, ministério público, etc.), mesmo assim o “Chefe” maior do Senado não que largar o osso.
Já a maior autoridade do país, nosso presidente insiste vergonhosamente em defender o senador, convenientemente, pois necessita do apoio do seu partido nas próximas eleições presidenciais, para poder emplacar Dilma. A que ponto chegamos: um presidente oriundo das massas de combativos trabalhadores metalúrgicos, com uma trajetória política alicerçada dentro dos princípios socialistas, eleito com o apoio dos setores populares mais avançados da América Latina, hoje, além de tecer elogios a Fernando Collor, um verme fecal, defende com unhas e dentes, outro presidente oriundo de um regime ditatorial que assassinou, exilou e destruiu a vida de milhares de brasileiros e brasileiras durante vinte anos. Será que o povo brasileiro está hipnotizado, não consegue ver, ouvir e falar? Até quando vamos aceitar tudo isso? Atualmente as criticas direcionadas ao governo Lula não são aceitas porque seus ferrenhos defensores insistem no argumento de que houve um avanço em relação ao governo passado, principalmente no que tange a distribuição de renda através dos programas assistencialistas, e que esse é um governo popular. Por conta disso o governo pode tudo, defender e alinhar-se com os algozes de tempos pretéritos, que praticaram e ainda praticam o que existe de mais perverso contra um povo, que é tirar o direito a vida. No momento em que um parlamentar desvia dinheiro público destinado a saúde, a alimentação, a educação, a segurança, etc., está praticando genocídio. Precisamos voltar a nos indignar. Onde estão a juventude, os estudantes, que sempre estiveram à frente de todos os movimentos democráticos desse país? Precisamos voltar as ruas, as praças, acabar com o Senado Federal, uma Casa que não serve para nada, a não ser para referendar os atos da Câmara Federal, e promover deputados corruptos a um posto mais poderoso. Não precisamos de tantos “representantes,” apenas a Câmara e ainda por cima se possível com uma redução de pelo menos 80% no número de seus deputados. Não podemos esperar mais. Não podemos deixar que o século XXI, continue com a mesma cara do século XX.
Rui Oliveira Machado
MEU REINO POR TEU AMOR
Por: Savigny Machado Lima
Quando menino era um exímio matador de grilos até que num dia destes que corria como qualquer outro dia uma destas minhas vítimas inesperadamente fez soar a sua voz e chegar aos meus ouvidos: deixa de ser gente ruim, seu malvado, a gente também quer viver. Depois desta inesperada frase de um grilo cantador, passei a observar melhor o comportamento dos grilos e me tornei um admirador de grilos. Os grilos pra quem não conhece são criaturas maravilhosas. Acordam todos os dias às seis horas da manhã e aí levam os grilinhos pequenininhos pra passear. Muitas horas sob o sol matutino e aí descambam pra cachoeira – é, eles só bebem água da fonte e as refeições vêm direto do pomar. Cada grilo tem uma horta e um pomar e desde o nascimento até a sua morte este labor na terra acompanha o seu dia a dia. Depois da hora do almoço, eles dormem umas duas horas como se eles fossem uma tia minha que todo santo dia tem que fazer uma sesta. É engraçado, eles acordam e começam a cantar. As pessoas deveriam ser obrigadas a fazer como os grilos que dormitam todos os dias depois do manjar e ao levantar cantam uma cantiga de periquitos pra começar a tecer as rendas do bordado da tarde. Poucas pessoas sabem, mas os grilos cantam! Aos 15 anos de idade, minha mãe me perguntou o que queria de presente de aniversário. Minha mãe ouviu da minha boca o pedido bastante incomum: mãe quero uma gaita de encantar grilos. Meu filho, mas eu nunca ouvi falar numa gaita de grilos. Disse minha mãe estupefata. Ela se achava em matéria de música. Bem, ela não sabia que desde há muito eu havia me tornado um encantador de grilos. Quando você começa a encantar grilos a sua vida muda absolutamente. Em tudo, minha vida mudou. Eu passei a acordar mais cedo para ver o nascer do sol e acompanhar religiosamente o cair do dia, é que os grilos gostam muito destas duas cerimônias. E aí, um encantador de grilos precisa conhecê-las com precisão. Cada detalhe é importante, tanto assim o é que aprendi até que o primeiro raio de sol é mais fino do que um alfinete. É verdade, um dia eu tive que medir com uma agulha que eu peguei emprestada de uma vizinha costureira bem ao nascer do dia. E que este raio de sol que na verdade é de alfinete se divide igualmente por todos os grilos e é tão vaidoso que se prepara horas a fio para uma aparição milesimal. Ao cair da tarde, todos os grilos se reúnem em torno de uma lagoa pra ouvir o mais hábil dos grilos que também são músicos para ouvir uma canção feita para cada novo dia que se passa. Todo grilo é um músico, mas nem todo músico é um grilo. Isto é uma pena. Cada dia para os grilos é um dia para ser encantado e cantado, isso eu acho que acontece porque eles sofrem muito com os assassinatos de grilos feitos por crianças malvadas. Antes do cair absoluto da noite, além do encontro ao derredor da lagoa para vê o cair do dia ao som de uma linda valsa, os grilos fazem uma festa pra lua. Os grilos conhecem todas as estrelas e sabem encontrar no céu todas as constelações. Um dia um deles me disse que o coração de escorpião é vermelho e que brilha mais intenso do que o seu pulmão. Agora, o que é mais importante mesmo é que os grilos quando se apaixonam escrevem uma poesia para o seu amor. Eu, na verdade, sou um grilo e estou apenas dizendo com esta enviesada prosa que uma linda moça de olhos castanhos e de caminhar se achante é cura das minhas chagas abertas. Não tenho muita coisa pra te oferecer, sou apenas o rei deste singelo lugar. Aqui, sou senhor de insetos, borboletas coloridas e de dúzias de tracajás. Lagoas e lagos e alguns ramos de maracujá. Por teu amor, ofereço meu reino. Ofereço a ti, meu reino por teu amor.
BOCA DO CEU 32
Ano IX/Jul/Ago/Set/2009
UIBAÍ E AS OPOSIÇÕES.
Uibaí, desde sua emancipação há 48 anos, sempre conviveu com a oposição. Acredito que nem o primeiro prefeito teve unanimidade, e isso é bom, pois nem toda unanimidade representa o melhor. Na maioria das eleições houve mais de um candidato. Um da ARENA (Aliança Renovadora Nacional) outro do MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Partidos não ideológicos, já que os com viés ideológico estavam na ilegalidade, a exemplo do PC do B, PCB, PSB. Com o fim do bipartidarismo e a “abertura política”, no início da década de 1980 surge o Partido dos Trabalhadores. Com uma proposta mais ideológica, voltada para ideais socialistas, foi defendido na maioria dos municípios onde viria a ser fundado, por estudantes, parte da igreja católica e trabalhadores rurais. Em nossa cidade essa oposição cresceu, fez representantes na Câmara municipal, mas só nas eleições do ano 2000, conseguiria disputar com chances potenciais de vitória. Foi “derrotada” nas duas primeiras eleições, 2000 e 2004, só chegando à vitória em 2008.
Hoje, com menos de um ano de mandato já se vê em nosso município, pelo menos duas linhas de oposição ao atual governo: “uma primeira”, como era de se esperar, composta pelos derrotados no último pleito. Apresentam como alternativa política para o município as mesmas propostas e os mesmos candidatos que “governaram” durante as últimas três décadas, propostas e candidatos que o povo já conhece e acredito que não quer tê-los novamente no comando de nossa cidade.
A “segunda linha opositora” é completamente diferente das que existiram tradicionalmente em nosso município, por ter em sua grande maioria cidadãos que contribuíram para a eleição da atual administração, que sabiam da dificuldade de agasalhar sob o mesmo “guarda chuva” o elo de alianças feitas para chegar ao poder. Alianças difíceis de serem digeridas por todos que trabalharam desde o início da primeira campanha.
Essa “segunda linha opositora” não tem, no momento, organização suficiente para fazer uma oposição ideológica baseada em princípios socialistas, como sempre procuraram fazer e que seria o ideal. Assim, ou luta unida para tentar construir, com o que tem uma Uibaí mais justa, sem corrupção, sem nepotismo, sem fisiologismo, ou entrega no próximo pleito a administração aos que sempre defenderam essas práticas. Não pode ficar simplesmente na crítica, sem avaliar o que há de diferente entre essa administração e as anteriores. Quais foram os avanços e os retrocessos desse primeiro ano de governo.
Porque não propor um seminário, encontro ou reunião para discutir esse primeiro ano de governo? Fez-se isso para construir, pode-se fazer o mesmo para avaliar.
Não podemos esquecer que essa “oposição” trabalhou para eleger essa atual administração, e como cidadãos, são também responsáveis pelos destinos de nosso município. Sabemos da existência de muitos problemas: administrativos, financeiros, políticos etc. poderíamos discutir esses problemas na perspectiva de contribuir para construção de uma administração, que possa vir a ser um diferencial nessa primeira década do século XXI. Um sonho de todos nós.
Rui Oliveira Machado
CONCURSO PÚBLICO
Uibaí já vai para o seu segundo concurso público no período de dois mandatos. O primeiro na administração do Prefeito Raul, e o segundo, agora na gestão de Pedro Rocha. Não sei como estão sendo elaborados esses concursos, quais as empresas, ou seja, os trâmites burocráticos, as empresas, etc., O importante é que essa prática democrática, apesar dos problemas, está presente em nosso município. Precisa, sim, ser melhor acompanhada e fiscalizada, para que todos concorram no mesmo patamar.
Com o concurso, chegam também, avanços como a organização dos trabalhadores do serviço público em sindicatos, já que esses não estão mais expostos aos desmandos de políticos interesseiros que fazem da administração pública cabide de empregos para seus apadrinhados. Uibaí já fundou o seu. Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municipais de Uibaí (não sei se o nome e esse), e com a aprovação na Câmara Federal da Convenção 151, que dá direito aos trabalhadores do setor público à Negociação Coletiva, faltando o Senado aprovar, acredito que o projeto principal, nesse momento, e o fortalecimento do Sindicato, através da organização dos trabalhadores.
Os baixos salários, as péssimas condições de trabalho, o assédio moral, sexual, etc., são práticas constantes dentro do serviço público, principalmente nos pequenos municípios. Esse é o momento que o movimento sindical precisa tomar pé dessas questões e atuar de forma coletiva. Isso exige organização, conscientização, mobilização para cobrar junto ao Executivo municipal os direitos de seus representados. Não devemos esquecer que patrão é patrão em qualquer lugar, e um dos papeis do patrão é “administrar recursos”. Para administrar são definidas as prioridades, e os trabalhadores, infelizmente não são prioridades para nenhum patrão. A partir de agora, quem representa os trabalhadores públicos municipais de Uibaí é o seu Sindicato, ele está aí para construir junto com os trabalhadores uma nova política de relacionamento com o Poder Executivo. Não uma política do “tomo lá dá cá”, mas uma política baseada na discussão do orçamento municipal, na perspectiva de chegar à elaboração de um Plano de Cargos e Carreira para o conjunto de trabalhadores do nosso município. Acredito que esta seja um dos principais desafios para os trabalhadores do serviço público de nossa cidade. Um novo tempo está surgindo em Uibaí. Precisamos estar preparados. Vida longa a esse Combativo Sindicato.
Rui Oliveira Machado
BOCA DO CEU 33
BOCA DO CEU 33
Ano IX/Out/Nov/Dez/2009
FIM DE ANO.
Chegamos ao final de mais um ano. Esse ano foi para a comunidade de Uibaí, de muita expectativa. Depois de décadas sendo administrada por um único grupo político, ou melhor, com uma mesma orientação política, assumiu no início do ano uma nova administração com promessas de mudanças na forma de governar.
Realmente tem-se outro formato de administração no município. As coisas estão acontecendo com mais transparência, a prefeitura não conta mais com aquelas “romarias” de pedintes, a cidade está mais limpa, o hospital e os postos de saúde funcionando de forma satisfatória, as escolas na sede e nos povoados bem mais cuidadas, as edificações pertencentes ao município sendo recuperadas e utilizadas decentemente, a ligação Uibaí/Irecê melhor pavimentada. Melhorou? Sim, claro que melhorou, mas falta ainda muita coisa.
Vamos para algumas: asfaltar o “cascalho”, recuperar as praças, o mercado, o banheirão, etc., isso falando só na parte de infra estrutura e saneamento; partindo para a parte político/administrativa, são duas as mais cobradas e comentadas pela comunidade: avaliação e mudança no secretariado, (leia-se Secretaria de
Administração e Finanças) avaliação e mudança na segurança pública (leia-se o Sargento comandante e seu irmão lotado na prefeitura), Uibaí não precisa desse tipo de gente. São pessoas que ninguém conhece, nunca contribuíram em nada para nosso município, caíram de pára-quedas em nossa cidade.
No mais, tenho esse ano de 2009, como um ano proveitoso para nossa comunidade. Acredito e faço votos, para que o próximo seja melhor.
Feliz ano novo para todos.
PS. E aquelas reuniões nos terreiros para discutir os problemas da sede e dos povoados? Não seria importante retomarmos? Rui Oliveira Machado
QUEM NÃO GOSTA DO BOLSA-FAMÍLIA?
Por Marcos Coimbra*, no blog do Noblat Será que alguém imagina que a interrupção avisada de um benefício favorece o governo na eleição? Que o fato de 1,4 milhão de famílias saberem que perderão um rendimento vai fazer com que votem em Dilma? É impressionante a má vontade que parte da imprensa tem com o Bolsa Família. Vira e mexe, alguém encontra um motivo para criticá-lo, tenha ou não fundamento. Quando acha que descobriu algo relevante, aproveita para externar sua antipatia em relação ao programa, quando não seus preconceitos contra os beneficiários. No último fim de semana, uma das mais importantes revistas de informação trouxe uma matéria típica dessa visão. Nela, ao questionar o que, em uma primeira impressão, parece uma decisão condenável do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que o administra, fica evidente a hostilidade que é dirigida ao programa, levando a interpretações infundadas e equivocadas. Ninguém é obrigado a gostar do governo e é natural que existam órgãos de imprensa que se posicionem contra ele por motivos ideológicos. No mundo inteiro, isso acontece e é até salutar que tenhamos jornais e revistas com clara inclinação política e partidária. O problema é que, às vezes, a circulação dessas matérias vai além da publicação de origem. Com a internet, algo escrito aqui está ali em um piscar de olhos, deixando menos nítida sua autoria. Como determinado texto aparece em inúmeros lugares, parece que tem uma espécie de reconhecimento universal, que todos o subscrevem. Foi o que aconteceu com a matéria em questão. Os mais prestigiosos blogs a republicaram, como que a endossando. Ela logo virou uma quase verdade. Seu fulcro é a crítica à concessão de um novo prazo de carência para a exclusão de cerca de 5,8 milhões de pessoas da cobertura do programa, seja por não cumprimento da obrigação de se recadastrar, seja pela elevação da renda familiar para além do limite de R$ 140 per capita. Elas seriam excluídas em novembro passado, mas, com a prorrogação, só o serão em 31 de outubro próximo. Em função disso, a revista se sentiu autorizada a chamar o programa de "Bolsa Cabresto", como se a data fixada no ato do MDS fosse evidência suficiente de suas intenções eleitorais. Dado que 31 de outubro é o dia marcado para o segundo turno da eleição presidencial, estaria confirmado e provado o caráter eleitoreiro do programa. A coincidência "nada sutil" das datas explicaria tudo. É realmente curiosa a tese. Será que alguém imagina que a interrupção avisada de um benefício favorece o governo na eleição? Que o fato de 1,4 milhão de famílias saberem que perderão um rendimento vai fazer com que votem em Dilma? Seria algo totalmente inédito, que desafia a lógica mais banal: alguém ter mais votos quando promete que vai eliminar um benefício e ainda marca o dia (pensando nisso, será que o comando da campanha da ministra atentou para a medida?). O esdrúxulo argumento vem embrulhado com dados inexatos e ilações mal sustentadas. Tudo no Bolsa Família é inflado para parecer maior e pior. A matéria afirma que "um em cada quatro brasileiros passou a ser sustentado pelo governo" (sugerindo que através do programa), enquanto se sabe que são 12,4 milhões as famílias beneficiárias (em um total de 60,9 milhões apuradas pela última Pnad), das quais o benefício não chega a "sustentar" nem um terço. A "prova" que o programa seria um "poderoso cabo eleitoral" é extraordinária. Viria de um estudo que mostra que "a cada R$ 100 mil deixados pelo programa em municípios de mil habitantes" teria correspondido um acréscimo de 3% de votos para Lula nas eleições de 2006. Será que a revista sabe que só existem 103 municípios no Brasil (em um total de 5.565) desse porte (menos que 2 mil habitantes)? Que neles vivem apenas 158 mil eleitores (em um total de mais de 130 milhões), que representam 0,0012% do eleitorado brasileiro? Que o voto nominal total para presidente nesses municípios ficou perto de 125 mil? Ou seja, que esses números dizem, na verdade, que a propalada influência do programa é insignificante? Para corroborar a idéia de que o Bolsa Família é o "Bolsa Cabresto", foi ouvida a opinião de um cientista político, para quem ele seria pior que o que faziam os "antigos coronéis": "(Eles) pelo menos aliciavam votos com o próprio dinheiro. O governo atual faz isso com dinheiro público". Primeiro, o poder dos antigos coronéis não vinha do dinheiro, mas do mando local. Segundo, é isso mesmo que acham os opositores do programa, que ele apenas alicia votos com recursos públicos? Ou seja, que deveria ser encerrado e terminado, a bem da moralidade? Enquanto for assim concebido por quem não gosta de Lula, do PT e do governo, mais o Bolsa Família ficará com a cara daqueles que o defendem. Criado em administrações tucanas e largamente ampliado e melhorado pelo governo Lula, é pena que isso aconteça. O programa deveria ser um patrimônio do país.
(*) Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi