Boca do Ceu 26
Ano VII- Jan/Fev/Mar/2008
Estive presente alguns dias atrás há uma reunião com alguns conterrâneos, para uma breve avaliação da situação sucessória em nosso município, avaliação que já havia feito de modo pessoal, aqui mesmo no BOCA DO CEU, mas que não houve muita diferença do que conversamos. Atualmente em nosso município temos como candidatos, (com disposição política para tal empreitada) Tarcisio Rocha e Délio Alencar. Candidatos esses oriundos do Partido dos Trabalhadores. Tem o atual prefeito que também é candidato a reeleição, e pode-se ter um candidato apoiado pelo Sr. Reinaldo Braga, o que seria na minha avaliação benéfico para o candidato que venha a sair da Frente de Libertação Reconstrução de Uibaí, hoje desfalcada do PCdoB. Vejamos: O candidato, qualquer que seja, de Reinaldo Braga dividiria votos com o atual prefeito, aumentando as chances da Frente. Os dois pré-candidatos da Frente, Tarcisio e Délio, não são bons de Urna quanto Pedro Rocha, candidato da Frente nas duas ultimas eleições, mas se Pedro Rocha conseguir transferir seus votos para um dos candidatos, pode-se ter uma disputa acirrada tal qual as duas anteriores, e com perspectiva de vitória. É necessário no entanto definir o candidato. São mínimas as possibilidade de surgimento de outros nomes nesse campo. Agora é analisar o que será “melhor para o município”, ou seja: seria vantajoso nesse momento diminuir a participação na Câmara, caso Tarcísio saia candidato? A transferência de votos de Pedro Rocha para Délio teria um percentual maior do que se fosse Tarcísio? Quem são os parceiros nessa nova empreitada, o PDT, o PSTU, o PV? Será que o PT estadual vai jogar peso nessa candidatura apoiando qualquer nome do partido, ou ficará isento? São questões que foram levantadas e que deveriam ser analisadas e discutidas o mais rápido possível. Acredito que Uibaí, terá seu nome de “oposição” para disputar essas eleições, como sempre teve, infelizmente não há como fazer uma discussão ideológica por dentro de um partido político, visto que não temos mais nenhum partido “Ideológico”, (pelo menos de expressão nacional) para discutirmos outras alternativas, mas, podemos abrir uma discussão, já levantada aqui no BOCA DO CEU que é a defesa do Voto Nulo, uma alternativa em curto prazo que podemos estar defendendo, como Cidadãos, pelo menos nessa próxima eleição para Prefeito e Vereador. Seria uma demonstração de indignação de pelo menos uma parte do povo de Uibaí, que serviria de referencial para um trabalho mais consistente na perspectiva de construção de uma verdadeira e séria política de administração municipal, com um viés direcionado para uma sociedade mais justa e igualitária.
Rui Oliveira Machado.
PS: Em Uibaí nas ultimas eleições tivemos 408 votos nulos e 68 em branco.
ELEIÇÕES SUCESSÓRIAS EM UIBAÍ.
Estive presente alguns dias atrás há uma reunião com alguns conterrâneos, para uma breve avaliação da situação sucessória em nosso município, avaliação que já havia feito de modo pessoal, aqui mesmo no BOCA DO CEU, mas que não houve muita diferença do que conversamos. Atualmente em nosso município temos como candidatos, (com disposição política para tal empreitada) Tarcisio Rocha e Délio Alencar. Candidatos esses oriundos do Partido dos Trabalhadores. Tem o atual prefeito que também é candidato a reeleição, e pode-se ter um candidato apoiado pelo Sr. Reinaldo Braga, o que seria na minha avaliação benéfico para o candidato que venha a sair da Frente de Libertação Reconstrução de Uibaí, hoje desfalcada do PCdoB. Vejamos: O candidato, qualquer que seja, de Reinaldo Braga dividiria votos com o atual prefeito, aumentando as chances da Frente. Os dois pré-candidatos da Frente, Tarcisio e Délio, não são bons de Urna quanto Pedro Rocha, candidato da Frente nas duas ultimas eleições, mas se Pedro Rocha conseguir transferir seus votos para um dos candidatos, pode-se ter uma disputa acirrada tal qual as duas anteriores, e com perspectiva de vitória. É necessário no entanto definir o candidato. São mínimas as possibilidade de surgimento de outros nomes nesse campo. Agora é analisar o que será “melhor para o município”, ou seja: seria vantajoso nesse momento diminuir a participação na Câmara, caso Tarcísio saia candidato? A transferência de votos de Pedro Rocha para Délio teria um percentual maior do que se fosse Tarcísio? Quem são os parceiros nessa nova empreitada, o PDT, o PSTU, o PV? Será que o PT estadual vai jogar peso nessa candidatura apoiando qualquer nome do partido, ou ficará isento? São questões que foram levantadas e que deveriam ser analisadas e discutidas o mais rápido possível. Acredito que Uibaí, terá seu nome de “oposição” para disputar essas eleições, como sempre teve, infelizmente não há como fazer uma discussão ideológica por dentro de um partido político, visto que não temos mais nenhum partido “Ideológico”, (pelo menos de expressão nacional) para discutirmos outras alternativas, mas, podemos abrir uma discussão, já levantada aqui no BOCA DO CEU que é a defesa do Voto Nulo, uma alternativa em curto prazo que podemos estar defendendo, como Cidadãos, pelo menos nessa próxima eleição para Prefeito e Vereador. Seria uma demonstração de indignação de pelo menos uma parte do povo de Uibaí, que serviria de referencial para um trabalho mais consistente na perspectiva de construção de uma verdadeira e séria política de administração municipal, com um viés direcionado para uma sociedade mais justa e igualitária.
Rui Oliveira Machado.
PS: Em Uibaí nas ultimas eleições tivemos 408 votos nulos e 68 em branco.
AFINAL, QUEM É O VILÃO?
2008, ano de eleições municipais, ocasião em que vamos ter a oportunidade de mudar o destino político de nossos municípios. Todos sabemos que o princípio que rege a lei eleitoral é o da representatividade, ou seja, é aquele que outorga ao eleitor condições para ter ciência plena da pessoa que o representará. Por isso é necessário que o candidato seja suficientemente conhecido e, para tal, se exige segura comprovação do seu domicílio eleitoral. A finalidade é permitir que o eleitor saiba em quem está votando, em quem reconhece condições de realizar o bem comum. Mas, na prática, será que isto ocorre? Penso que não, em grande parte. Parece-me que duas podem ser as hipóteses: ou o eleitor vota sem se preocupar em conhecer a vida anterior do candidato, os serviços que prestou e a potencialidade que tem de vir a prestar, ou se, mesmo sabendo que ele não merece o seu voto, nele vota, por interesse não do coletivo mas do individual, ou seja: vota para receber benesses, sem qualquer esperança de que aquele candidato venha a fazer algo pelo bem de sua cidade. E aí todos serão prejudicados.
Infelizmente, a segunda hipótese é que muitas das vezes vem prevalecendo e se reflete na frustração de todos, pois, se assim não fosse, como explicar que 159 prefeitos eleitos em 2004 tenham sido processados e condenados à cassação de seus mandatos até agosto de 2007? Diga-se mais, que 19 deles tiveram condenação confirmada no Tribunal Superior Eleitoral. Os motivos foram vários: compra ilegal de votos, troca por favores e indevido uso da máquina do poder, por vezes com abuso desse poder, que lhes foi outorgado pelo povo não para benefício próprio; e quantos outros mais que à toda hora os órgãos de comunicação estão a noticiar, vide cartão corporativo e bolsas de toda ordem. É fora de qualquer dúvida que lei temos, mas também dúvidas não há, que a lei eleitoral, assim como outras, em especial a penal, não é suficientemente forte para desencorajar os maus políticos, os que usam o poder que o povo lhes deu para se corromperem. E é justamente aí que a fraqueza da lei, somada à ausência de responsabilidade do eleitor, permite que políticos reconhecidamente incompetentes, reconhecidamente envolvidos em fatos ilícitos e em atitudes antiéticas em benefício de si próprios continuem a representar o povo. Como é possível aceitar que políticos em véspera de serem cassados, para não o serem, renunciam ao mandato que o povo lhes deu, e logo após se candidatam novamente? E o que é pior: são eleitos.
Como é possível continuar a se votar em políticos que, sem uma razão justificável, de uma hora para outra acumulam fortunas enormes que seguramente não foram obtidas com o salário que recebem?Não é possível que a punição que a lei eleitoral impõe seja apenas de multa e declaração de inelegibilidade por período ínfimo (3 anos) da data da eleição e não da condenação, na maioria dos casos, ocasionando que a eventual punição perca o seu caráter de inibir novos crimes contra o povo.
Parece até que os legisladores, que são políticos por princípio pois é deles o poder, fazem as leis para se protegerem, e por isso interesse não têm os parlamentares de mudar a legislação. Em poucas palavras, não querem mudar a norma porque são eles os destinatários dela.
E a ética, e a moral, e o sonho de uma cidade melhor, de um país melhor, onde é que ficam? Afinal o povo é vítima ou é autor, é o vilão ou é o herói?
A hora e a vez é do povo, único momento em que efetivamente somos todos iguais: valemos todos a mesma coisa, ou seja, um voto.Cabe a cada um de nós fazer um exame de consciência desde já, pois os nossos destinos estão nas mãos dos políticos que elegeremos. Perguntar-se-á: você votaria de novo no mesmo candidato em quem votou na última vez?
Teria ele correspondido efetivamente à sua esperança de vê-lo prestando relevantes serviços à sua comunidade?
É óbvio que a sociedade anseia por uma reforma eleitoral, por uma reforma política, mas para que isso aconteça é necessário ser mudada a mentalidade dos eleitores.
A hora e a vez é nossa, é do povo.
Afinal, quem é o vilão?
Desembargador Walter Felippe D’Agostino
Boca do Ceu 27
Ano VIII/Abr/Mai/Jun/2008
O SONHO NÃO ACABOU.
Quando o Partido dos Trabalhadores, PT saiu para a disputa das eleições de 2002, já se tinha um perfil do que seria a sua administração, mediante o arco de coligações feitas no1º turno: PT, PCdoB, PL, PCB, PMN. Dessas legendas, duas já tinham tradição de coligarem com o PT, que eram os dois partidos “comunistas”. Os outros dois partidos foram defecções de partidos de “direita e centro-direita", onde estavam alojados o vice-presidente e o presidente do Banco Central: José Alencar e Henrique Meirelles respectivamente; daí se tira que o PT já estava abrindo mão de suas bandeiras históricas e da defesa de uma ideologia Socialista. A partir dessas eleições o partido não mais tinha compromisso com filiados, militantes, muito menos simpatizantes que defendiam tal postura ideológica. Hoje seis anos depois, grande parte desses filiados, militantes e simpatizantes continuam “chorando o leite derramado”. Não adianta mais. E quem acredita na viabilidade de uma esquerda no Brasil, que venha representar e defender a classe trabalhadora mais desassistida, e com um olhar voltado para o Socialismo, tem necessariamente de parar de resmungar e trabalhar para a construção dessa alternativa de luta. Nesses vinte e poucos anos de “abertura política” conseguimos avançar. A esquerda no Brasil deu sua contribuição, mas infelizmente para chegar ao poder deixou de ser esquerda. “O poder tem seus encantos”. Chegaram e estão encantados. São nossos adversários, ou melhor, adversários do Socialismo. Na micro região de Irecê, pra falar de nossa região, temos municípios administrados por petistas, a exemplo de Central e vamos ter outros mais. Quem sabe até Uibaí e o próprio município de Irecê; são eles petistas históricos, novos petistas e muitos outros que nunca mudaram suas posiçõese hoje são petistas. Ou seja, nunca comungaram com o Socialismo e são, hoje, as lideranças majoritárias no partido que, infelizmente, mudou. Quem acredita que haverá alguma mudança em relação à política desenvolvida a nível nacional, com certeza terá uma grande decepção. A proposta e fazer o máximo de prefeitos nessa eleição e o máximo de governadores na próxima. O que interessa é chegar ao poder e ao mesmo tempo manter-se. Mas felizmente nem tudo está perdido; pelo menos em nosso município: já existem em Uibaí, algumas propostas voltadas para a construção de uma alternativa de esquerda, com a participação direta da comunidade com o intuito de fazer um trabalho de conscientização que pode redundar, a logo prazo, em uma frente de esquerda voltada para os ideais socialistas. Muitos dizem que é utopia. Pode até ser. Mas o que seria do mundo sem utopias, sonhos, fantasias? O pouco que avançamos nesses mais de quinhentos anos de colonização, são frutos de nossos sonhos, fantasias e utopias. A luta continua, e a cada dia, a cada eleição, aprendemos e avançamos.
Saudações socialistas.
Rui Oliveira Machado.
PS. O texto abaixo, reproduzido pela 2ª vez nesse informativo, é uma pequena amostra do que o povo é capaz de fazer quando exerce a Cidadania. Ribeirão Bonito é um bom exemplo para nossa cidade e para nós que precisamos construir alternativas viáveis de luta.
RIBEIRÃO BONITO*
Ribeirão Bonito, onde tudo começou por causa de uma nostalgia - e virou uma cartilha contra a corrupção. Nos seus tempos áureos, Ribeirão Bonito, de imigração italiana, beneficiava-se do café. Sua população, na época, contava com 25 mil moradores - mais que o dobro do atual número de habitantes. Além da agricultura, surgiam fábricas. Oferecia-se ali um bom nível de educação pública. Muitos saíram da cidade, entraram nas melhores faculdades e se tornaram profissionais de sucesso, respeitados nas suas áreas. Nunca mais voltaram a morar lá. Em 2000, alguns desses profissionais, gratos pela chance educacional que tiveram, começaram a se reunir para revitalizar Ribeirão Bonito, estimulando uma vocação econômica e preservando o patrimônio histórico. Juntaram-se aos moradores e criaram uma associação (Amarribo). Os planos mudaram de rumo. Perceberam que o prefeito vinha dando sinais de enriquecimento incompatível com sua renda. Um dos sinais era um carro de luxo que ele usava. Souberam que seu veículo era de um fornecedor de carne para as escolas. As merendeiras diziam, porém, que quase não havia carne na refeição dos alunos. Descobriu-se também que a prefeitura comprava a gasolina para abastecer a frota oficial numa cidade de Minas, bem longe dali. E por um preço mais caro do que a vendida no posto em frente à prefeitura. Revelou-se assim uma rede de falcatruas. Resolveu-se focar sua ação, naquele momento, no desvio de recursos. Não era uma batalha fácil. A população não estava mobilizada nem interessada; o prefeito controlava quase toda a Câmara e a imprensa. Como o grupo de combatentes era composto de professores, contadores, comunicadores e advogados (um dos advogados é José Chizzotti, procurador aposentado do Estado), montou-se uma operação de guerra: 1) coletaram-se os indícios de desvio de dinheiro; 2) com base nessa coleta consistente, a polícia, o Ministério Público e o Judiciário foram acionados; 3) furando a barreira da mídia local, divulgaram-se os fatos por meio de panfletos e convocaram-se audiências públicas; 4) diante das evidências e da pressão popular, os vereadores foram sensibilizados para criar uma comissão de investigação na Câmara. O prefeito perdeu o cargo e acabou na cadeia. O mais importante é que se criaram mecanismos permanentes de fiscalização que já resultaram, por exemplo, na redução e melhor aplicação de gastos públicos - a Câmara passou a usar apenas 1,5% do orçamento municipal, sendo que a lei permite até 8%. Desse embate, surgiu uma cartilha para ensinar os cidadãos o passo a passo na prevenção e no combate à corrupção.
P.S. - A fórmula de Ribeirão Bonito contra os sanguessugas não tem mágica. É composta por quatro ingredientes: 1) a qualificação educacional dos indivíduos; 2) a disposição de trabalhar em conjunto em cima de objetivos comuns; 3) sentir-se dono da coisa pública e fiscalizá-la permanentemente, o que exige uma noção de que cidadania é não só direitos mas deveres; 4) não esperar pelas autoridades para que sejam tomadas atitudes moralizadoras. Em qualquer comunidade que use essa receita, a corrupção provavelmente não acabará, mas será muito mais difícil roubar e ficar impune.
* Fragmento do texto Uma vacina contra sanguessugas ., artigo publicada por Gilberto Dimenstein - Jornal Folha de São Paulo.
*NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI
Eduardo Alves da Costa.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores, matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores, matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
* O "fragmento" que corre o mundo, belíssimo, do poema de Eduardo Alves da Costa, foi creditado por muito tempo ao poeta russo MAIAKÓVSK.
Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria...
Depois, retoma coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinhos...
Essa... a alegria que ele quer
Depois, retoma coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinhos...
Essa... a alegria que ele quer
visite-nos: mocobeu.blogspot
BOCA DO CEU 28
Ano VIII/Jul/Ago/Set/2008
PELEJA DO VOTO
Seu Totonho e Zabelê
TOTONHO: É muié, as inleição tão aí, já temo que votá dinovo. O tempo passa e a gente num vê. Faz quatro ano que cumpade andou aqui pidindo o voto. Não veio mais, mas me disse que pra sumana dá um pulo aqui pro butá a bença em Filemon. O menino nem conhece o padim. É assim mesmo, pulítico só vévê ocupado, trabaia muito. Esse ano vamo votá dinovo nele, num é muié?
ZABELÊ: Di minha parte sei que não, home que passa esse tempo todo sem visitar us cumpadre não merece simpatia. Vó votar pro outro lado.
TOTONHO: Tá danado, nú tempo de meu pai a muié era obrigado a acompanhá o home em tudo, não sei nem se naquele tempo elas podia votá, o mundo tá virado mesmo. Pronto, pra num ter briga, vamo fazer o seguinte trato: eu voto nú cumpade e ocê vota em quem ocê quiser, certo?
ZABELÊ: Certo.
TOTONHO: Assim é mió, ninguém precisa saber de nada, nois bota o retrato dos dois aí na parede e repete a mesma prosa pra cada canidato que aparecê, inclusive nosso cumpadre, assim nois de qualquer jeito ganha o voto.
ZABELÊ: E prô veriador? Como nois vai fazer home de Deus?
TOTONHO: Prô veriador nois vende. Zé Galego mi falou que tem uns que paga até 50 real dependendo de quantos voto tenha. Aqui em casa é três: eu, ocê e Filizberta, que esse ano já vota. Zé galego disse que ele paga adiantado a uma pessoa cumo eu, basta dá a palavra e tá feito o acordo. É verdade, eu falando tá falado. Com os 50 real, compro aquela cabra de Tonho Buxada pra fazer um casá com o bode que cumpade deu a Filemon na inleição passada, e com o que sobrá compro uma galinha prá daqui prô fim de ano deitar e tirar uns pinto. Eta, não vejo a hora de chegá logo o dia da inleição. Era bom que inleição fosse todo ano, era ligero que nois fazia um chiquero cheio de bode e cabra. Pena que é só de tempo em tempo, nem sei quanto tempo demora pra ter inleição. Ocê sabe muiê?
ZABELÊ: Eu? Se ocê que já é quase dotô num sabe, magina eu! Agora tem um probrema home: tenho reparado em Filizberta e essa minina anda de ôio caído prum canidato aí.
TOTONHO: Quem criatura?
ZABELÊ: Aquele fio do dotô Aderbal.
TOTONHO: Mas aquilo e um treitero, um ordinário, um capadoço só que aproveitá das coitadas. Será que essa minina não toma termo. Assim que ela chegá da cacimba vô ter uma proza com ela.
ZABELÊ: Vê se num vai bater na minina home, ela já tá uma mocinha e fica feio.
TOTONHO: Feio e nois perde a cabra e a galinha, se ela não acompanhá nois no voto. O voto do prefeito eu não faço questão não, mais do veriador que eu quero vendê! Ela vai ter que acompanhá nois, custe o que custá. Onde já se viu. O mundo tá perdido mesmo, uma minina já moça cum 16 ano ainda não intende nada de pulítica! Também as iscola de hoje num insina nada mesmo, era mio que fosse minino home. É mais sabido, vê Filemon? Queria que eu vendesse o voto até pro padim dele. Êta minino esperto....
Rui Oliveira Machado.
UMBU
As recentes preocupações de alguns conterrâneos com a preservação do meio ambiente, direcionadas para a nossa região, fez-me escrever esse texto. Com o intuito de tentar preservar o que ainda resta das nossas serras e suas aguadas, nossos animais, etc., estão adquirindo terras em áreas estratégicas para fazer um trabalho de reflorestamento e recuperação das mesmas. É um trabalho de formiguinha que em longo prazo ajuda muito e pode até educar alguns conterrâneos que ainda não compreendem a importância da preservação. Seria, também, interessante se esse trabalho fosse feito através de uma parceria com a UMBU. Essa associação foi fundada justamente para fazer o trabalho de conscientização junto a população, sobre a importância de preservar o meio ambiente. No início houve algumas campanhas, como a limpeza e a coleta de entulho na Fonte Grande, na Barragem, distribuição de mudas etc,. O tempo passou e a UMBU não decolou, vários motivos. O que se faz necessário, não inviabilizando o que está sendo feito, é a revitalização da UMBU. Com sua retomada, pode-se apresentar projetos de reflorestamento, como o já apresentado voltado para o reflorestamento do boqueirão, e praticamente aprovado pelo Ministério do Meio Ambiente, segundo as últimas informações, necessitando apenas de alguns ajustes. Essa ONG, é o elo de ligação entre o município e os órgãos que cuida do meio ambiente. Não sei como esta hoje a UMBU, quem são os componentes de sua atual diretoria, quando serão as próximas eleições, se está atuando em alguma área, etc. São informações que poderiam ser passadas através da criação de um Blog, (não sei se já existe algum), assim seria mais fácil contribuir.
Sei das dificuldades para dirigir uma instituição como a UMBU que não tem como gerar recursos para se manter. Sugiro que esses conterrâneos que estão tomando essa iniciativa, procurem os representantes da UMBU, com o intuito de se realizar um encontro, de preferência no final do ano, para tratarmos de questões referente ao meio ambiente em nosso município, como também retomarmos a questão da UMBU.
Assim, acredito que poderíamos planejar ações envolvendo uma instituição que assumiria os trabalhos, dando maior visibilidade e envolvendo outros agentes que poderiam contribuir, a exemplo do poder público municipal. Rui Oliveira Machado
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BOCA DO CEU 29
Ano VIII/Out/Nov/Dez/2008
ELEIÇÕES MUNICIPAIS UIBAÍ
Chegamos ao final de mais uma eleição municipal em nossa cidade. Como poderíamos avaliar mais esse momento? Primeiro, acredito que com a chegada de personagens que nunca estiveram à frente do poder em nosso município, já é por si só um avanço, segundo, acredito também que a alternância de poder trás mais perspectiva para uma comunidade e terceiro, acredito que mesmo a passos de tartaruga, Uibaí está mudando. Tivemos a administração do Prefeito Birinha, acompanhada de perseguições, violência, nepotismo, etc., uma administração que deve ser esquecida por todos os cidadãos de Uibaí. Na administração de Raul Filho houve uma diferenciação: não tivemos as perseguições, o mesmo foi obrigado a realizar concurso para preenchimento dos cargos públicos, algumas obras de melhoramento na sede e em alguns povoados, a exemplo de quadras esportivas, novas praças e calçamento de algumas ruas. Na parte de educação e saúde, não mudou praticamente nada, e a marca do nepotismo continuou acentuadamente, mas para qualquer um que assumisse uma cidade administrada por oito anos por Birinha, que não fez absolutamente nada, só de não persegui ninguém já está de bom tamanho. Com a chegada de Pedro Rocha na prefeitura de Uibaí, quero acreditar que estamos caminhando para um formato de administração diferenciada de todas já existentes. Nos dias de hoje, onde os partidos ditos ideológicos encantaram-se com o poder e aderem de corpo e alma à política do “é dando que se recebe”, ainda assim, é possível se fazer uma administração com seriedade, honestidade e honradez. Exemplos são o que não faltam: Pintadas, Vitória da Conquista, Porto Alegre, Sergipe, etc. são cidades que investiram em educação, saneamento, saúde, segurança e principalmente em transparência em relação a aplicação e destino dos recursos financeiros públicos. Porque em Uibaí não podemos agir assim? Temos capacidade de cobrar, fiscalizar e exigir do futuro chefe do executivo. Não acho que porque Pedro Rocha assumiu o poder as coisas vão mudar de uma hora para outra, mas a forma como estão sendo administradas algumas cidades, já citadas acima, diferenciam e muito da forma como vem sendo administrada a nossa cidade, e essa e a forma proposta. Temos a nosso favor vários instrumentos de fiscalização que podemos usar, de preferência envolvendo a comunidade, para que a mesma exerça seu papel de cidadã, e se interesse, não só pelo momento da eleição, mas por todo o mandato atribuído ao chefe do executivo municipal como também aos seus representantes na câmara de vereadores. Quero acreditar que com esse novo modelo de administração, a comunidade tenha mais participação nas decisões que envolva a mesma diretamente, e para isso se faz necessário a organização dos instrumentos de cobrança: associações de moradores, conselho de pais, alunos e professores, grêmio estudantil, sindicatos de servidores públicos municipais, etc. . São esses instrumentos que podem dar visibilidade às demandas mais urgentes de uma comunidade. Assim, o momento e de organização, precisamos nos preparar para uma nova forma de administração que está sendo proposta, penso que devemos dar um prazo de pelo menos um trimestre para que o novo prefeito tome pé da situação, após esse período, as entidades civis organizadas devem apresentar suas propostas e abrir a discussão dando prioridade às questões mais emergenciais, a exemplo da saúde pública e educação, pontos cruciais na administração de qualquer cidade do interior brasileiro.
Rui Oliveira Machado.
UM PARAÍSO CHAMADO BRASIL
Ao criar o mundo, Javé encarregou serafins e querubins de executarem o projeto América Latina. Animados, os anjos puseram mãos à obra, convencidos de que da prancheta do Grande Arquiteto só poderia resultar o melhor.
Lá pelas tantas os serafins se deram conta de que havia pequenos erros de cálculo. Como era possível, se tudo fora previsto pela Infinita Sabedoria? Frente às evidências, alguns anjos relaxaram no trabalho, o que pareceu, aos olhos dos arcanjos, boicote ao projeto.
Bom patrão, Javé decidiu dialogar com os relapsos:
- Por que têm faltado ao trabalho?
- Porque o projeto não é justo -, respondeu o líder dos serafins.
- Como não é justo? - espantou-se Aquele que é sumamente justo.
- Veja, Senhor -, disse o anjo, - o México é proporcional à Argentina; a Nicarágua à Bolívia; o Panamá ao Uruguai. Mas há um país demasiado grande na América do Sul. Por que não dividi-lo em cinco ou seis, de modo a evitar que, no futuro, haja queixas de que o Senhor privilegiou o Brasil?
Irritado por duvidarem de sua imparcialidade, Javé reagiu:
- Sei muito bem o que estou fazendo. - E observou: - Prossigam a obra.
Dias depois, Javé viu a sua infinita paciência abalada pela notícia de que os querubins mais conscientes, organizados no sindicato angélico, filiado à CUT, tinham entrado em greve. Sem temer afrontas, compareceu à assembléia da categoria.
- E agora, qual a reclamação?
- Os serafins têm razão, Senhor -, explicou o líder. - O projeto é realmente injusto e, por isso, não podemos prossegui-lo.
- Ora, o que há de errado em implantar países com dimensões diferentes? - retrucou Javé. - A um continente quadriculado, prefiro a diversidade, como fiz com as espécies de vida.
- Não estamos falando de proporcionalidade territorial - disse o anjo. - Estamos nos referindo aos fenômenos naturais destinados a cada país.
Veja, Senhor: tem deserto no Chile, no Peru e no México. No Brasil, nenhum.
Vulcões na Nicarágua e furacões em Cuba. No Brasil, nenhum.
Terremotos no Peru, na Guatemala, na Nicarágua, em El Salvador e no México. No Brasil, nenhum.
Neve e geleiras em toda a região andina. No Brasil, só uma nevezinha, três noites por ano, em São Joaquim, para atrair turistas.
Outro anjo completou:
- Nós, da direção do sindicato, até desconfiamos de que não se trata de injustiça. Está nos parecendo que, após o fracasso do Éden, o Senhor decidiu reeditar o Paraíso.
- Como assim? - exclamou Javé.
- O Éden não fechou por causa de uma maldita árvore? Verificamos que, entre todos os países do mundo, só o Brasil tem nome de vegetal. Dada as suas dimensões continentais, a ausência de qualquer catástrofe natural e os imensos recursos a ele reservados, concluímos que, ali, o Senhor pretende reeditar o Paraíso, não é verdade? Ou como explicar o projeto de conferir ao Brasil a maior bacia hidrográfica do mundo; oito mil quilômetros de costa; uma floresta que absorverá boa parte do dióxido de carbono da atmosfera; 600 milhões de hectares cultiváveis e potencial para três safras por ano?
Javé cofiou a longa barba e disse:
- Sim, confesso que tive essa tentação ao abençoar o Brasil de modo especial. Mas sei, na minha onisciência, que lá, por muitos anos, não será o Paraíso. Esperem só para ver que tipo de políticos aquela gente vai eleger. O estrago, ao menos nos cinco primeiros séculos após a chegada de Cabral, será muito grande: haverá miséria, discriminação, corrupção e violência. Crianças andarão pelas ruas sem horizontes e agricultores ficarão à beira das rodovias à espera de um pedaço de terra. Como não perco a esperança, pode ser que, um dia, os eleitores descubram que, votando a favor da justiça e do social, o Brasil estará muito próximo de vir a ser um Paraíso, com muita paz e fartura. Frei Beto
Feliz Natal e próspero ano novo.
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